"Eu considero Guaraqueçaba um pequeno mundo dentro do mundo"
- Padre Mário Di Maria - (12/07/1974 - entrevista ao Jornal Diário do Paraná)

28 de setembro de 2011

Primeira visita do Governado do Paraná em Guaraqueçaba

        Na última terça-feira (27 de setembro), a tarde, novamente se vê algo atípico em Guaraqueçaba...
... as pressas, varrem-se as ruas. Ei! Junta aquele lixo ali. Pinta aqui. Arruma acolá... Que será? - se perguntam os munícipes que, nos últimos anos, nunca viram tal movimentação em prol da limpeza e organização. Até no chafariz que nunca se viu funcionando tinha alguém mechendo para acionar os jatos de água... Mas logo desistiu.
        Alegres alguns ficaram, estão, ENFIM, arrumando a nossa cidade. Acho que estão preocupados com a situação de abandono em que ela se encontra. Mas será?

Resposta: NÃO! é que agora parece que é verdade, o governandor do Paraná, Beto Richa, vai visitar a cidade.

Governador e alunos da Esc. Mun. Professor Antônio Barbosa Pinto
acervo: autoria desconhecida/Direitos Reservados
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        Dispensaram os alunos da rede municipal, os funcionários públicos municipais estão liberados, desde que estejam no Ginásio prestigiando a visita. Os alunos puderam apresentar o Hino do Paraná que ensaiaram (o que na segunda ou na primeira visita do Governador foi muito bonito e realmente fora cantado respeitosamente e se ouviu lá fora. Parabéns) e novamente o maravilhoso, porém, desrespeitado Hino de Guaraqueçaba, que parece ser lembrado apenas nestas ocasiões... Precisamos resolver a respeito de nosso hino. Gravá-lo, sei lá, mas pelo amor de DEUS parar de "dar um jeitinho" na última hora e chamar alunos e ou professores para cantá-lo, sem acompanhamento ou da forma que quem ensaiou julgue ser a certa... Foi assim na cerimônia de aniversários, Sete de Setembro, e agora e...

segue link de postagem sobre os símbolos municipais:


        Pois bem! Diferentemente da semana passada em que estava marcada a visita - quando reuniram-se no Ginásio de Esportes, centenas de munícipes e inutilmente esperaram, esperaram e esperaram e ninguém sabe o porque do cancelamento... Seria o mau tempo como havia sido divulgado ou compromissos inadiáveis como fora anunciado na cerimônia, ainda que corrigido depois! "Ei venha aqui, nós avisamos pro povo que era por causa do mau tempo".
        Nesta cerimônia o município recebeu uma barco-escola e centenas de cobertores para nos aquecer neste início de primavera.
        Cobrança havia sido feita nesta primeira oportunidade e na segunda ou primeira, pois somente na segunda é que o Governador apareceu, peos representantes da Associação dos Amigos de Guaraqueçaba, que desta vez entregaram em mãos do Governador o abaixo-assinado com a petição de melhorias pavimentação na estrada de acesso à Guaraqueçaba, como ele mesmo havia prometido em campanha.
        Só lembrando aqueles que ficaram na dúvida, a Estrada da Redenção, aberta em 1970, fora no Governo do Sr. Paulo Pimentel e não como anunciado...

segue link de postagem:

link da petição pública da Associação dos Amigos de Guaraqueçaba:

Há para concluir:
        Senhor Governador da próxima vez que visitar Guaraqueçaba, se puder, agende um pulinho na rua de minha casa (Professor Manoel Malaquias) , pois parece que somente assim vemos limpeza e obras. Quem sabe se o Senhor avisar que irá naquela rua, os meus representantes municipais se empenham em dar-me condições de usar de meu direito de ir e vir, o que até então não é possível na rua Professor Manoel Malaquias. O pior é que melhorias nesta foi promessa de campanha tanto do legislativo quanto do executivo.

para ver a situação da minha rua, segue o link abaixo:


        Agradeço aos amigos que puderem contribuir com fotografias da visita do governador e ou mais informações.

26 de setembro de 2011

Casa do Fandango de Guaraqueçaba - relatório 2010 - ATIVIDADES ENCERRADAS em 2011

por Zé Muniz


        No não muito distante, em 2010 anos do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Casa do Fandango de Guaraqueçaba, em 12 apresentações naquele espaço, recebeu cerca de 200 visitantes, dos mais diversos estados brasileiros ou de países como Costa Rica, Colômbia, México, Argentina, Perú, Honduras, El Salvador, Venezuela e Panamá.

integrantes do Fandanguará e visitantes
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Público visitante dentro da Bernunça - interação
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Fandango para visitantes e convidados
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        Todos apreciaram um pouquinho da cultura caiçara através de exposição, acervo bibliográfico e vídeográfico e mesmo do Fandango, demonstrado pelo Grupo Fandanguará, que com cerca de 30 jovens, trabalhava essencialmente esta tradição, e que neste mesmo 2010 fora selecionado a representar o Estado no Teia 2010, evento do Ministério da Cultura, realizado em Fortaleza/CE, ainda atuando na interação e vivências com grupos e fandangueiros em Vila Fátima, Superagui, Abacateiro, Morretes e Paranaguá, bem como participado de eventos em Curitiba, como a Corrente Cultural.

acervo de instrumentos
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        As ações deste espaço cultural, tem objetivado a re-valorização e mesmo a divulgação da cultura no município, tendo distribuído 50 DVDs “Caiçara” e centenas de “Guia de Fandango”, tanto nas comunidades quanto aos visitantes, tendo inclusive, sido inserido pela COOPERGUARÁ e pelo Guia Turístico 2010 (Secretaria de Estado de Turismo) no roteiro turístico/cultural do município, integrado também no Sistema Nacional de Museus (Ministério da Cultura) e no Guia de Museus do Paraná (Secretaria de Estado da Cultura), possibilitando acima de tudo, a visita de pesquisadores e das escolas do município, aulas, palestras, oficinas e apresentações, apoiando ações como shows, exposições (Instrumentos Musicais do Fandango) e projetos de pesquisa como Universidade Sem Fronteira, atuando ainda como parceiro no processo do Fandango Caiçara como Patrimônio Imaterial do Brasil (MINC/IPHAN).

       Ainda sedia a Banda Kaos, atuante no cenário musical local, já com composições próprias no seu repertório, o Grupo Fâmulos de Bonifrates, que completou 11 anos de atividade cultural na região. Com gravações de pesquisas e espetáculo em cds e a publicação em livros de pesuas pesquisas. 

        Mantém ainda uma exposição sobre Fandango Caiçara no Centro de Visitantes e apoiado/divulgado informações sobre enossa cultura nos mais diversos lugares e ambientes da cidade, como por exemplo, na Mercearia Rodrigues.

        O espaço cultural, sede da Associação dos Fandangueiros, completa 09 anos, pertence ao IBAMA, sendo conduzido e administrado VOLUNTARIAMENTE por aqueles que nele atuam.

        Porém neste 2011, as portas estão FECHADAS - como sempre, mais uma vez foi pedido a atenção do poder público e nada de respostas positivas. As chuvas do começo do ano, alagaram completamente o espaço, com prejuízo material inclusive. Estamos a cerca de seis meses esperando a solução que o Dpt. de Cultura Municipal ficou ajudar (deslocar uma equipe para abertura de valas, etc...).

        Mais recentemente veio o corte do abastecimento de água, até então paga pelo dono do imóvel o agora Instituto Chico Mendes.
       Ainda utilizamos o espaço apenas como barracão para guardar materiais, pois não há mais condições de recebr público.

Nos resta agradecer e "agradar" muitos por aqui. FECHAMOS AS PORTAS.
visitantes com Zé Muniz

7 de setembro de 2011

Eugênio dos Santos - o Mestre do Fandango Caiçara

“Fandango - A tradição do respeito estava naquele lugar”.

fragmento do vídeo: Museu Vivo do Fandango
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Mestre Eugênio em 1965
acervo: PINTO, Inami Custódio.
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Mestre Eugênio
acervo: Projeto Tocadores (Página 254)
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        Eugênio dos Santos nasceu no Rio do Cerco ou Cerco Grande em Guaraqueçaba no ano de 1926. No começo deste ano, em conversa com o Mestre, nas suas palavras sempre tocava no "Cerco Grande querido, o lugar onde nasci", como cantava em belos poemas seus conterrâneo e amigo Pedro Nilo Nascimento (In memorian). Meste Eugênio amava este cantinho de Guaraqueçaba, grande em sua época de moço, porém agora sem nenhuma visinhança, habitado apenas pelos indígenas M'byá Guarani. e dizia Mestre Eugênio, ser ali, o início da devoção a Nossa Senhora do Rocio e o berço dos grandes fandangueiros de Guaraqueçaba, onde todo sábado, havia uma colheita ou um plantio, havia então um fandango e um dos violeios mais requisitados para os bailes, claro, "Chamem Seu Eugênio", ofício que aprendera com seu pai Domingos Severino.

        Assim foi durante anos... iniciou seu estudo na vila, seu primeiro namorico... há quantas vezes me contou deste caso... O destino se encarregou de os separar, e por causa de um fandango... Houve um desentendimento num fandango em Ilha Rasa, alguns, entre eles Eugênio tiveram que dar explicações para o delegado, mesmo sem ser envolvido.

"dondom, dondom / dondom o amor é meu
seu eu fico / ela vai s'imbora
quer perde o amor sou eu"

        De boa família, educado, preferiu ir tentar a vida em Paranaguá, meio decepcionado com o desenrolar daqueles acontecimentos e nessa mudança, não pode lhe acompanhar sua namorada, de quem nunca esqueceu e sempre me perguntava, desde o dia que o conheci, num Fandango Subindo a Serra e ele sou que eu era de Guaraqueçaba, já me perguntou se ha conhecia...

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Mestre Eugênio, Miguel Martins e Aramis Alves
acervo: Projeto Tocadores
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        Em Paranaguá, nova vida, emprego no porto, um dos fundadores do bairro Sete de Setembro, inclusive, dizia-me, a nomeação do bairro veio de sua cabeça, "ideia minha". Casamento, filhos, sem nunca abandonar a paixão pelo fandango caiçara, inicia a continuidade desta tradição e Ilha dos Valadares... Certa vez até a polícia apareceu por lá, pedindo que parassem a a "bagunça", pois algum vizinho teria reclamado.
Mestre Eugênio
acervo: Projeto Museu Vivo do Fandango.
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       A persistência e a paixão não permitiram que parasse e continuou, montando grupos, a tão sonhada Casa do Fandango, apresentações pelo Brasil afora, o reconhecimento internacional, enfim, UM GRANDE EXEMPLO.

Casa do Fandango
acervo: Museu Vivo do Fandango
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Inami Custódio Pinto, Roberval de Freitas, Mestre Eugênio e Romão Costa – 1975 - início da Casa do Fandango (quintal de seu Romão).
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Fragmento do documentário "Fandango Sobindo a Serra II"
Coordenação: Maria de Lourdes da Silva Britto.
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        Em 2003, viajou por várias cidades brasileiras apresentando o espetáculo "Mestre Eugênio e tocadores de Paranaguá" através do Projeto Sonora Brasil, realizado pelo Departamento Nacional do SESC.  
      2005, participa como palestrante no Seminário Nacional de Políticas Públicas para Culturas Populares, em Brasília.
       2006, recebe (representado pela neta) das mãos do Presidente Lula e Ministro da Cultura, a Comenda da Ordem do Mérito Cultural.
        2008, recebe do Ministério da Cultura/Secretaria da Diversidade Cultural o Prêmio Culturas Populares "Mestre Humberto Maracanã.
       Num desses carnavais, a Escola de Samba União da Ilha/Ilha de Valadares, com samba enredo homenageando o Fandango, leva Mestre Eugênio a desfilar na avenida, mostando, orgulhoso, a Medalha que recebera do Mérito Cultural.
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       A última vez que o ví num palco, que honra para mim, pude estar ao seu lado, quando nós (Fâmulos de Bonifrates) o acompanhamos numa violada em Campo Largo, num evento "Estética e Poesia" a pedido deRejane Nóbrega. Depois o levei em sua casa, Bairro Sete de Setembro, Ilha dos Valadares; Mais histórias.............
MESTRE EUGÊNIO FALECEU NESTE ÚLTIMO DOMINGO DIA 4 DE SETEMBRO DE 2011.

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O Saci fandangueiro - contava Mestre Eugênio, que existia uma família, moradora em um local retirado, numa determinada comunidade; O pai, pescador, sempre levava o filho para o mar e este aos poucos ia aprendendo os saberes da pesca artesanal. Certa vez, o garoto, ao ajudar o pai no mar, observou, longe, no barranco, um homenzinho que pulava, pulava e nas mãos tinha algo, como que a tocar um instrumento sentado numa pedra. O menino sempre avisava o pai, mas este não dava muito interesse, se preocupava mais em puxar a rede e a esperar muitos peixes. Houve um dia, porém, que ao avistar o homenzinho pulando, o menino berrou ao pai: “Paaaiiiiii” - e este resolveu olhar, avistando no barranco, exatamente como era descrito pelo filho. Ao estranhar alguém por aquelas bandas, pois ali não residia ninguém, foram ver quem era, do que se tratava. Terminaram de recolher a rede, nem retiraram os peixes, remaram pro barranco, encostaram a canoa e se aproximaram do local, se surpreendendo quando lá não encontraram ninguém, apenas uma viola feita de folha de Jaruvá, em cima da pedra.
Seu Eugênio dos Santos, jura que era a viola do Saci: “é sim, era o Saci. O Saci gosta muito de fandango e toca viola”.

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Grupo de Fandango da Ilha dos Valadares
acervo: Eduardo Guimarães. IN: NOVAK, Patrícia.
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foto: Rose Brasil/Agência Brasil

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BIBLIOGRAFIA
BRITO, Maria de Lourdes. Fandango de Mutirão. Curitiba: Editora Gráfica Mileart, 2003.
CORREA, Joana. PIMENTEL, Alexandre, GRAMANI, Daniella (org). Museu Vivo do Fandango. Rio de Janeiro: Associação Cultural Caburé, 2006. 
MARCHI, Lia. Tocadores homem, terra, música e cordas. Olaria Projetos de Arte e educação, 2002.
MUNIZ, José Carlos. Fandango na alma caiçara. Obra inédita, do autor.
NOVAK, Patrícia. Fandango paranaense da Ilha dos Valadares: uma manifestação caiçara. Curitiba: Imprensa Oficial, 2005.
PINTO, Inami Custódio. Zélia Bonamigo e Jorge Queiroz e Silva (orgs). Folclore no Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial, 2006.

CD
1 - Ô! de casa! Carrigo / Mestre Eugênio e fandangueiros da Ilha dos Valadares. Produção MCA Movimento Cultural Afandangado.
2 - Viola Fandanguera. Grupo Viola Quebrada.
3 - Cantos de Festa e de Fé. Tradições musicais paranaense. Série Cultura Popular Viola Correa. Roberto Correa.
4 - Museu Vivo do Fandango. Associação Cultural Caburé.

VÍDEO
1 - Fandango Subindo a Serra. Coordenação de Maria de Loudes da Silva Brito.
2 - Museu Vivo do Fandango.

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