"Eu considero Guaraqueçaba um pequeno mundo dentro do mundo"
- Padre Mário Di Maria - (12/07/1974 - entrevista ao Jornal Diário do Paraná)

29 de janeiro de 2016

lançamento de livro - A arte Guarani-Mbyá de Guaraqueçaba


Lançamento:
Dia 04 de fevereiro de 2016, a partir das 19h00, no Museu Paranaense. 

Rua Kellers, 289 - Alto São Francisco, Curitiba, Paraná

Valor promocional do livro no dia do lançamento: R$ 50,00*


        O livro traz um registro do processo de criação da escultura guarani-mbya da aldeia Kuaray Guata Porã (Caminho Bonito do Sol), do município de Guaraqueçaba / PR. Aborda todas as etapas de produção, desde a coleta da madeira caixeta e demais materiais ofertados pela natureza até a sua conclusão. Trata-se de um registro completo da confecção, mostrando os detalhes e ferramentas usadas na criação escultórica, oriunda da tradição oral guarani que atravessa os séculos. 


        O livro não retrata somente o registro, mas tece uma relação das visões de mundo e das artes indígenas com a arte contemporânea, apontando onde elas se encontram e dialogam plenamente e onde seguem por caminhos diferentes. 


        Para tanto, Daniel Conrade – escritor e ilustrador de natureza há 16 anos – utilizou na criação das ilustrações técnicas totalmente manuais como aquarela, bico de pena em nanquim e lápis sanguínea. O resultado remete propositalmente a uma linguagem de literatura de viagem que aborda principalmente a poética guarani. Mostra não somente um registro físico, mas a relação desta aldeia e de seus moradores com a natureza, seus deuses, suas crenças e a forma como essas crenças estão enraizadas em sua produção artística. 


        O projeto, realizado através da Lei Rouanet, é fruto do apoio e patrocínio do Ministério da Cultura - Governo Federal, Secretaria de Estado da Cultura com seu programa Conta Cultura e da COPEL - Companhia Paranaense de Energia. A publicação conta com o marketing cultural do Cultural Office, texto de Fabrício Vaz Nunes (artista plástico, professor de História da Arte na EMBAP - Escola de Música e Belas Artes do Paraná e colunista da Gazeta do Povo), fotografia de Hudson Garcia (um dos grandes nomes da fotografia de natureza do Paraná) e belíssimo projeto gráfico de Guilherme Zamoner.

Informação: Agência Estadual de Notícias

Ficha Técnica:

Elaboração do Projeto: Monica Drummond
Marketing Cultural: Cultural Office
Texto: Daniel Conrade e Fabrício Vaz Nunes
Ilustrações e Desenhos: Daniel Conrade
Fotografias: Daniel Conrade e Hudson Garcia
Revisão de Texto: Michele Mueller
Versão para o Inglês: Michele Mueller
Projeto Gráfico: Guilherme Zamoner
Impressão: Maxi Gráfica.
Livro: 144 páginas, 25x25 cm.


Contatos com o autor Daniel Conrade

27 de janeiro de 2016

Professor Waldomiro Ferreira e Eugeniano Ferreira - Guaraqueçabanos, sim senhor!

        Recentemente fui indagado por um camarada, nas ruas de Guaraqueçaba, acerca de seu ascendente, o Professor Waldomiro Ferreira de Freitas, bem como de seu saudoso irmão Eugeniano Ferreira, se acaso eu saberia, enquanto historiador, um pouco da biografia destes dois, ilustres guaraqueçabanos, porém, esquecidos pela historiografia, em Guaraqueçaba...
        o Professor Waldomiro, não o conheci pessoalmente, mas em minha graduação de história na FAFIPAR, inclusive na sala que leva seu nome, pude conhecer um pouco sobre sua biografia, remexer alguns livros de sua biblioteca, doada ao Diretório de História, conhecer alguns de seus familiares, comprar alguns de seus livros (via Estante Virtual), pois tamanha não era a minha responsabilidade quando o também professor daquela instituição Oziel Tavares, que tão bem o conhecera, disse-me certa vez que de Guaraqueçaba era o grande Professor Waldomiro, cobrando mais empenho e esforço de minha parte, etc... Quanto a Eugeniano Ferreira, este sim eu conheci, pois foram inúmeras conversas pelas ruas de Guaraqueçaba, assuntos desde a origem das pedras utilizadas na construção da Caixa d'água (Praça da Bíblia), inúmeras outras histórias, sobre a onça, sobre o saci, os versos de Fandango Caiçara que sempre cantarolava, a sua tatuagem... era um eterno amante das boas prosas, um exímio historiador, aquele que vivenciou a história de Guaraqueçaba... Inclusive nomeei a biblioteca virtual do Blog Nosso Pixirum com seu nome Biblioteca Eugeniano Ferreira <htps://drive.google.com/folderview?id=0B3Ue7WCPmb5GfmhRRnlTZ1hBNjlnMHdrNFRwSWw4MHA5a3VOZUk2WWhMRjhid0YtTTVJbHc&usp=sharing>,  bem como o acervo físico sobre história de Guaraqueçaba, além ainda de projetar o Museu de Guaraqueçaba, com biblioteca que o homenagearia...
        Esta Postagem cumpre um pouco desta missão, fazer jus a dois nomes, de guaraqueçabanos, que inscreveram nos anais da história, cada qual de seu modo, um na academia, outro na simples oralidade...
Guaraqueçaba - por Lange de Morretes

Waldomiro Ferreira de Freitas
       
        Guaraqueçabano, nascido no dia 10 de outubro de 1924, filho de Antônio e Isabel Ferreira de Freitas, foi morar ainda cedo em Paranaguá.
        Recebeu suas primeiras letras no Grupo Escolar Anexo de Paranaguá, depois indo concluir os estudos no Escola Técnica de Comércio.
        No ano de 1946, trabalhando no ramo de armazenagem e exportação de café, conheceu sua esposa Ruth Ferreira de Freitas, com quem casou em 05 de junho de 1947 e teve os filhos, Lindanil, Lúcia Helena, Waldomiro, Waldir Roberto e Lílian do Rocio.
        Em 1959, montou a Empresa Gráfica Guarany Ltda, fornecendo material tipográfico ao litoral.
        Formado como Técnico em Contabilidade em 1951 essa sua experiência contábil o levou ao magistério, tendo lecionado, entre 1961 e 1968 no Colégio Comercial Estadual de Paranaguá (atual Alberto Gomes Veiga); Também lecionou em colégios da cidade, como no Colégio Diocesano Leão XIII (1966).

Em 04-04-1966, alcançou a educação superior com a licenciatura em História, pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Paranaguá, onde, pouco tempo depois, lecionou como professor de História do Paraná, História Medieval, História  Moderna, História da Civilização Ibérica, História da América e Organização Social e Política do Brasil, recebendo sua aposentadoria em 1989.

Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá, do Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico Paranaense, também sócio-fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Ponta Grossa, membro do Centro de Letras de Paranaguá Leôncio Correa (eleito presidente de 1976 a 1984), membro do Conselho Municipal de Cultura e membro da Associação Nacional dos Professores Universitários de História.

        Publicou os trabalhos: A Ilha da Cotinga (1967); Os Lusitanos; Boletim da História do Brasil, (1968), Curso de extensão em História do Brasil, Aspectos Históricos de Paranaguá, Tiradentes e os anseios da liberdade - vencedor do concurso do Conselho Municipal de Cultura, (1976).

        Sua obra máxima, na qual dedicou longos anos de sua vida, inclusive seus últimos, fora publicado postumamente pelo Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá, em 1999: "Paranaguá: das origens a atualidade".

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       Ver a pesquisa: Portos, rotas e comércios. In: Anais do V Simpósio Nacional de História. Disponível no site <http://anais.anpuh.org/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S05.01.pdf>.

        Waldomiro Ferreira de Freitas, faleceu em 10 de janeiro de 1993, de complicações cardíacas.
         Há uma rua em sua homenagem em Paranaguá.

Obs: Informações biográficas acerca de Waldomiro Ferreira de Freitas - um tipo inesquecível. por Amilton Aquim. In: Revista O Itiberê. Paranaguá: maio de 1997. pg.114.

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Eugeniano Ferreira
        Seu Eugeniano, como todos o conheciam em Guaraqueçaba, era uma daquelas figuras que ficam o dia todo pelas ruas da cidade, dando a esta o tom de bucolismo, parando a conversar com um, rindo com outro, brincando com outros... e em todas as oportunidades contando de suas aventuras durante seus 92 anos de vida.
        Numa destas, certa vez subira o Morro do Quitumbê e para surpresa encontrou uma Onça Pintada, ele e o felino, cara-a-cara, se corresse o bicho viria atrás, então resolveu encará-lo, amedrontando a onça que fugiu. Estas e outras histórias Seu Eugeniano andava contando e cantarolando por Guaraqueçaba, inclusive fora registrado algumas no Mito das Onças <http://www.morretes.com.br/cultura/txt/oncaguaraque.htm>.
        Lembro-me certa vez que uma equipe o entrevistou, fotografaram, etc... mas como tantas outras o trabalho nunca retornou, serviu apenas para satisfazer a necessidade acadêmica da 'equipe' de pesquisadores...
        Certa vez Seu Eugeniano disse-me assim, "cante assim pra ela", ao passar ao seu lado com uma colega: "Que menina tão linda pra ser nora de papai. Se eu não casar com você decerto não caso mais"... Era este um verso do Fandango Caiçara, que Seu Eugeniano tanto participara.
        A criançada sempre o ouvia e sempre o parava nas ruas para ver sua tatuagem, a única em Guaraqueçaba, na época. Tinha ali as iniciais de seu nome.

        Este blog lamenta a falta de informações bibliográficas, mas se prontifica a constantemente mapear, registrar, resgatar histórias e quem sabe a partir das postagens apareçam mais sobre Seu Eugeniano Ferreira.

        Infelizmente Guaraqueçaba ainda não aprendeu a valorizar seus filhos, nem os que por aqui lutaram e lutam, menos ainda os que daqui saíram, contribuindo com a história deste Paraná, como tantos outros já referenciados neste blog.
        Quiçá um dia valorização seja dada em Guaraqueçaba a estes e tantos outros insígnes vultos desta nossa terra, pois Waldomiro e Eugeniano Ferreira, são guaraqueçabanos Sim, Senhor!.    


6 de janeiro de 2016

nos ensinando a preservar??????

2016.
        Iniciando nova jornada.
        Apenas tentando provocar algum questionamento, segue como precursora deste novo ano esta postagem com imagens, meramente ilustrativas e versos, há tempos guardados, anotados, frutos de depoimentos recolhidos, frustrações vivenciadas, etc... agora apenas (des) contextualizados.
        Se servir para uma reflexão... está bom! cumpriu sua missão.

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500 anos atrás dessa região já há registro...
natureza intocada? simples mito.
muito antes já habitava o indígena...
e pra viver aqui hoje
só pedindo socorro, e tem que ser forte o grito!

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o Caiçara na Mata Atlântica!
... quanta perseguição
as vezes me pego a pensar...
pôxa ...
bem que eu poderia nascer um papagaio-de-cara roxa!

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uma vitória! bonito!
Fandango Caiçara, patrimônio cultural da nação
posso cortar Caxeta pra fazer uma viola?
não!
assim me pergunto, como então preservar a tradição?

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certa vez, vislumbrei uma cena
um dos dois devia ser do 'mal'
de um lado o caiçara com seu remo
de outro "o diabo" armado com 12
talvez não fosse, mas parecia ser algo desigual!
e o cerco do Caiçara... destruído! Acabou-se!

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era bonito o bichinho
todo dia ciscando no terreiro
Jacutinga desde filhotinho bem tratado
comia milho, arroz, o dia inteiro.
certa feita a situação apertou!
foi pra panela com arroz... o Jacutinga de Seu Juvenal
pobre coitado do "home", perdeu o almoço
foi porta a fora o arroz, o jacutinga...
foi preso... se deu mal... Seu Juvenal.

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novamente Seu Juvenal
"visitado" sem mandado em sua humilde de pau-a-pique "mansão"
sem nada a incriminar... finalmente bateram o pés...
mas que decepção!
seu Juvenal ficou sem um tostão.
cadê o dinheiro que tava em baixo do colchão?

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Pescador que sofre é o artesanal
quando o guarda vem se esconde no mangal
é os 'home' da lei, a fiscalização
o meu gerival é meu ganha pão
Fandango Caiçara - Cananéia-SP

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tekoá no Campo da Aviação, nem no Parque do Superagui... não!
pobre povo Guarani
não tem o que plantar... não tem onde morar!
rejeitados aqui... expulsos dali.
parece não haver solução.
o negócio é fumar petanguá e orar..

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O que é ser Quilombola
Profº. Ilton Gonçalves da Silva.
O que é ser Quilombola?
Embora haja quem diga que não,
É a contemporaneidade que resiste à ideologia do racismo
A individualidade e a marginalização

Povo sofrido, abandonado
E ainda considerado vadio
Não é visto com bons olhos
O que o negro construiu

Todas essas belezas existentes
Pelos tradicionais foram preservadas
E quando delas precisamos somos seriamente penalizados

Terras preservadas até hoje
Considero, pelo um povo soberano
Após tantos cursos de educação ambiental,
Tem gente passando fome

Após a chamada educação ambiental
Só uma coisa está sendo vista
Coisa que não se via em área rural
Má qualidade de vida e um acúmulo de lixo

Como isso acontece?
Pois posso dizer agora
Quem produzia seu alimento local
Hoje busca tudo de fora

Quem disser que não tem culpa,
E não atrapalha nosso futuro
Deixa hoje a cidade e vem comigo
Morar em área rural e viver da agricultura

E na área da pesca!
Coitado do pescador...
Quando consegue uma tarrafa e um remo
O diabo vem e leva a canoa

Queremos que o Brasil saiba
Não queremos tudo feito
Queremos apenas uma coisa
Queremos nossos direitos

Por querer nossos direitos
Não precisaria nem pressão
Só bastava se cumprir
O que está na Constituição

Preto quer políticas públicas
Não pede nada de graça
Preto é honesto e tem vergonha
Tem brio, postura e fortes braços

Tanta gente vem de fora
Nos ensinar preservar
Nosso território está bem cuidado
Vão cuidar do seu lugar!

Às vezes até me altero
Não tenho como ficar contente
Por ter que justificar
Que preto também é gente

Preservar a natureza
Isto é uma coisa certa
Mas não podemos sobreviver
Comendo mata verde e insetos

Dizem os ambientalistas
Que estão preservando muito bem a natureza
Mentira...
Só vieram para cá,
Apreciar e desfrutar a nossa beleza

Não se pode usar a terra
Tirar dela nossa alimentação
Produzir um saudável alimento
Hoje é considerado destruição.

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A dicotomia entre a conservação e o reconhecimento e fixação das comunidades tradicionais: um estudo de caso na APA de Guaraqueçaba - PR.

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http://viagensdateca.blogspot.com.br/2015/02/superaguinever-more.html

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        Sobre o Professor Ilton Gonçalves da Silva, líder da Comunidade Quilombola de Batuva: http://informativo-nossopixirum.blogspot.com.br/2014/11/professor-ilton-quilombola.html

       Sobre a Carta de Guaraqueçaba: http://informativo-nossopixirum.blogspot.com.br/2011/11/carta-de-guaraquecaba-circulando-pela.html

       Sobre Violação de direitos humanos em território de comunidades caiçaras: http://informativo-nossopixirum.blogspot.com.br/2014/03/violacao-de-direitos-humanos-em.html

        Mapeamento social aponta conflitos socioambientais vividos pelas comunidades de pescadores artesanais da Bahia de Guaraqueçaba. In: http://www.direito.mppr.mp.br/modules/noticias/article.php?storyid=137

        A dicotomia entre a conservação e o reconhecimento e fixação das comunidades tradicionais: um estudo de caso na APA de Guaraqueçaba - PR. In: Biblioteca Eugeniano Ferreira: https://drive.google.com/file/d/0B3Ue7WCPmb5Gd1JTMDU2bEdBYzQ/view?usp=sharing