"Eu considero Guaraqueçaba um pequeno mundo dentro do mundo"
- Padre Mário Di Maria - (12/07/1974 - entrevista ao Jornal Diário do Paraná)

3 de novembro de 2015

Colônia Agrícola Alemã de Serra Negra

      
        Em relação a contribuição alemã para nossa história vale a pena lembrar Hans Staden (1525-1579) que em 1549 registra sua passagem pelo Superagui, sendo este o primeiro em nossas páginas; Já no século XIX, vamos ter a presença do naturalista Karl Julius Plaztmann (1832-1902), com suas descrições sobre a região, porém, ao falarmos estrangeirosmuito ouvimos sobre a colonização suíça em Superagui, por conta até mesmo dos escritos já produzidos sobre o exímio pintor William Michaud (1829-1902), referenciado em publicações histórico-científicas...
        Houve, também, uma tentativa, sem sucesso e com ínfimo registro histórico, da colonização japonesa, na região do Morato, provavelmente quando estes fundaram um núcleo colonial em Antonina, início do século XX.
        Da mesma forma, a colonização alemã, em Serra Negra, permanece obscura na história de Guaraqueçaba, também com pouquíssima produção histórica sobre tal empreendimento nos anais paranaense.
        Serra Negra é, em 1951 decretada como Distrito de Guaraqueçaba, porém, há muito já despontava como um dos maiores exportadores no Paraná-Colonial, onde a Cia. Progressita, em 1º de janeiro de 1864 chegou inclusive a criar uma linha regular entre os municípios de Guaraqueçaba, Antonina, Paranaguá e Guaratuba, dando escoamento a produção agrícola local.
        Com o crescimento, fora criado ali, a primeira escola, pela Lei nº 113, de 27 de março de 1865. 

        Visando a ocupação dos solos do sul, logo após a Independência do Brasil (1822), o Governo Imperial incentiva a imigração, principalmente alemã, visto os problemas políticos, econômicos e sociais enfrentados em sua terra, decorrentes das guerras napoleônicas, unificação...
         A colonização alemã no Paraná tem início pelo ano de 1829, também motivada pelo sucesso em outros empreendimentos sulistas e neste ensejo a Companhia Colonizadora Ltda trazia vários projetos de colonização para o Brasil e um destes, a Colônia Agrícola de Serra Negra, conforme alguns registros, instalada em Guaraqueçaba a partir de 1916?
        Nos autos históricos, é registrado, em 1919, a celebração de um acordo entre o Governo do Estado do Paraná e a Sociedade Anônima Provisória Rio Grandense (Grupo Étnico Germânico do Paraná), visando a localização de colônias estrangeiras e nacionais, em áreas de Guaraqueçaba, Antonina e Campina Grande do Sul.
propaganda do governo brasileiro para atrair imigrantes alemães para o Brasil
        Em Guaraqueçaba, região de Serra Negra, o título da terra fora expedido em 05 de maio de 1920, e a referida sociedade (parece que mais tarde é transferida/renomeada como Cia. União Colonial) obteve uma área de 5.000.000m² com prazo contratual para ser colonizada em 08 anos (a partir de 19/04/1920) .
        Já em 1924 chegaram em Serra Negra 20 famílias alemãs, todos desenvolvendo a agricultura, introduzindo práticas desconhecidas na região, o que levou a Colônia a conhecer um progresso econômico com produções de arroz, milho, ovos, frangos, porcos, também manteiga, requeijão e linguiça, quando de lá saíam barcos carregados, principalmente para Argentina, carregados de banana, batata, etc... 
        O prazo para colonização fora renovado por mais 08 anos, em 26 de junho de 1928, aparecendo em alguns registros, a partir de então em nome da Cia. União Colonial Ltda., com sede em Porto Alegre, que inicia a colonização em 1928, com a entrada de 48 famílias, aproximadamente 220 pessoas.
  a Companhia fundou a 'escola' de instrução para os filhos dos colonos
fonte: Família Dittmar

        Uma destas famílias, a Dittmar, vindo da Alemanha a bordo do Navio Vila Garcia, pertencente a empresa alemã de transporte marítimo Hamburg-Sud, desembarca em Paranaguá no ano de 1926/27, após ter contactado um conhecido que habitava a Colônia Serra Negra.
    
 Família Dittmar na Colônia Serra Negra
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        Segue uma descrição da Colônia Serra Negra, feito pela Família Dittmar:
       Aos poucos foram fazendo amizades com outros colonos alemães lá do alto do rio BANANAL para a foz. A ultima familia moradora era os LONIN ao lado direito do dito rio, do outro lado morava a familia PINING; rio abaixo moravam os JURISCKKA; estes eram donos de uma serraria movida a roda d´água, como vizinho próximo eles tinham um senhor solteiro, um tal de ERTHAL; mais abaixo do lado direito morava PAUL RADES que possuía um alambique de cachaça de cana de açúcar em sociedade com seu vizinho o RICHARD KRÜGER, depois vinha o casal MAIBON, depois o senhor HILDEBRANDT e um trecho com mata nativa; do outro lado os proprietários eram os SCHUCARDT, GAGEL, AUMANN, KRENTZ e LOCHSTADT. Ainda ao longo do rio BANANAL morava o Sr.SCHNEPPER ou SCHEPPER e já na foz morava a familia SCHULTZ. No trecho de mata virgem foi aberta uma picada para chegar até o rio TAQUARUÇU onde moravam o Sr. BRENDIGAM e a familia PLANKEN STAIN.
        Já no rio SERRA NEGRA morava a familia KAIK, ESSER, WEGNER, GOTZ e por ultimo KORSANKE. Subindo o rio, do lado esquerdo, encontrávamos as famílias STETTLER, EDMUND OTTO, os TALLMANN e logo após vinham os nativos como BORGES, LOPES, ALVES; até o alto do SERRA NEGRA, ali morava a familia LEILMEIER, no lado direito o ultimo morador era a familia SCHAEFFENACKER e no mesmo lado, ADOLF LEISCH SENRING. Nossa propriedade fazia divisa com a do Sr. SCHULTZ em ambos os lados e na frente, o rio SERRA NEGRA. Ali próximo tinha o rio ASSUNGUI onde existia a PICADA DO PITO VELHO onde moravam os STOCKLE e os BENKE, na sede moravam, além do diretores da companhia, o Sr. RICHARD ZINK, os KAPP e finalmente na PECHIRICA moravam os SCHUCH. Vieram depois: JACOB HATZLER, MAX RICHTER, WOATER RICHTER, estes solteiros; a família OTTO LEICH SENRING, KARL DITTMAR, WILHELM RAUSCH KOLD, HENRICHPUSBACH, KURT ARNOLD, PAUL GIBHARD, TAUSEND FREEUND, WILHELM EHLKE, OTTO SCHATTE, HERMANN DOBLER, KURT MATTHES, HANS RAUDICH, NINHON, HANS APT, SIMMLER, LAUER, HEISE, FRITZ ARM; WERMES DRUNKLER, HERMANN RICHTER, JACOB LONIEM, SIEGLER, XAVIER SCHOEFENACHER os WINKLER.       
        Johann Heinrich Dittmar faleceu em 1941 na Serra Negra.
Johann Heinrich Dittmar (nascido em Osthofen), esposa Maria Schmuck (nascida em Friesenheim) e João Henrique Dittmar na Colônia Serra Negra
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         O primeiro grande problema que vai enfrentar a Colônia Serra Negra, diz respeito a litígio sob a área de concessão.
        A área da colonização fora toda transferida da Sociedade Anônima para a Cia. União Colonial Ltda (50 mil hectares em duas parcelas de 25.000 hectares), com escrituras lavradas em 21 de setembro de 1920, posteriormente, em 23 de dezembro de 1933.
        neste ínterim, já haviam posseiros, nacionais e estrangeiros, em invasões causando litigiosos conflitos sobre tal posse; Um destes no assento do Salto Piranguinha, firmado em 10 de outubro de 1934.
        O Estado do Paraná e a Cia União cancelam o contrato, rescindindo todos firmados entre a Sociedade Anônima e Cia. União Colonial (cancelando e rescindindo a concessão lavrada em 14/05/1919, também o termo Adiantamento de 17/04/1920, celebrado com Antônio Ribeiro de Lemos e transferido à Cia. União, invalidando o título de 05/05/1920, também o termo de prorrogação de prazo, referente a nova concessão, datada de 26 de junho de 1928).
colonos imigrantes da Família Dittmar no Rio Serra Negra
fonte: Família Dittmar

os imigrantes durante a II Guerra Mundial
          Durante a II Guerra Mundial (1939-1945), os imigrantes japoneses, italianos e alemães sofreram diversas perseguições no Brasil, com implícitas proibições, dentre outras de falarem em sua língua natal, discriminados nas vilas, também as crianças nas escolas.
        Por volta do ano de 1942, num prazo de 24 horas, os imigrantes do Eixo (Japão, Alemanha eu Itália) foram ‘expulsos’ de áreas próximas ao litoral (proibidos de residirem a menos de 100km do litoral), por suspeita de espionagem, levados, por exemplo, de Serra Negra e ‘despejados’ em Curitiba, sem auxílio algum para um recomeço de suas vidas; Apenas na delegacia de Antonina, neste ano, foram retirados 53 japoneses, 10 alemães e 22 italianos.
        Há os que defendem principalmente a ‘inveja’ sobre a próspera colônia agrícola, transforada no caso, em suspeita de espionagem.
        Ainda nesse sentido, PEREIRA (2010), informa a solicitação do Delegado de Paranaguá ao Chefe de Segurança, em 02 de setembro de 1942, providências, pois em Serra Negra havia um "convite para que em 7 de setembro os brasileiros se reunissem para queimar e destruir todos os bens dos alemães e seus descendentes".
        Vale a pena lembrar a recordação de alguns ex-moradores, que em seus idos tempos de infância, viram, como dizem, um sepultamento digno de grande líder na Colônia Serra Negra, uma urna mortuária de chumbo com os restos mortais de Hitler, como acreditam, pois na queda da Alemanha durante a guerra, este teria fugido para a próspera e de difícil acesso colônia alemã no Brasil, onde viveu seus últimos dias...
        Sobre a perseguição aos descendentes alemães no Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial, ver o documentário: “Sem Palavras”
       Ver também:
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
        MEIJER, André. Cartas da Mata Atlântica. Carta nº 159. Tratando (d)os imigrantes: algumas leituras 21p. pdf. Disponível no site <http://correiodolitoral.com/wp-content/uploads/2015/06/Carta159-imigrantes.pdf>.

        PEREIRA, Márcio José. Politizando o cotidiano: Repressão aos alemães em Curitiba durante a Segunda Guerra Mundial. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História. Curitiba: UEM, 2010.
        O texto da Família Dittmar (na íntegra) pode ser encontrado na Biblioteca Eugeniano Ferreira https://drive.google.com/open?id=0B3Ue7WCPmb5GcWRpQmxsR2QxMW8

       Sobre Hans Staden (na Biblioteca Eugeniano Ferreira)
        Sobre a biografia de Juliuz Platzmann (na Biblioteca Eugeniano Ferreira)
     
   Nosso agradecimento às gentis contribuições e autorizações de João Henrique Dittmar Filho.
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Uma bibliografia sobre a Colônia Serra Negra, conforme André Meijer recomenda:
        FRANK, E. 1957. Helles Licht auf dunklem Leuchter. Freimund Verlag, Neuendettelsau. 183 pp.
        FUGMANN, W. 2008. Os alemães no Paraná: livro do centenário. (Traduzido por L.P. Lange do original [DieDeutschen in Paraná: das deutsche Jahrhundertbuch. Empreza Editora Olivero, Curityba. 1929]). Editora Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Ponta Grossa.
        HEGENBERG, Hugo (texto) & WIRSCHRAL, Arthur (fotos). 1928. Unsere Studienreise nach Serra Negra (1927, Juni,14-19). 22 pp.

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acréscimo em 07/12/2015

É Paraná Rádio e Tv Educativa
Programa Nossa História com Zélia Sell gravado em 22/11/2015
(entrevista com João Henrique Dittmar Filho)


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acréscimo em 01/04/2016
fotos da Colônia Serra Negra de Arthur Wischral.

6 de outubro de 2015

Nhô Janguinho - o Mestre do Fandango Caiçara em Guaraqueçaba

Mestre Janguinho
foto: Museu Vivo do Fandango
 
        Quem passava pela antiga sede do Grupo Teatral 'Pirão do Mesmo', na década de 90, certamente ouvia Nhô Janguinho e seus versos, em voz já enfraquecida devido a idade avançada, mas ganhando novo vigor a cada ensaio e apresentação, ainda mais se em companhia do sempre inseparável Nhô Júlio...
        Júlio e Janguinho, dos bons fandangos em 'tempo do sítio', permaneceram amigos e fiéis companheiros da viola e do cavaquinho, sempre juntos tocando e cantando Fandango Caiçara, em casa, vez ou outra no butequinho com outros amigos, mas era grande a felicidade destes durante os ensaios com jovens, no grupo de teatro, aos poucos, repassando e ensinando o Fandango Caiçara...
'fandangueando' em Rio dos Patos
foto: Macaxeira
 
         João Soares, nosso 'Janguinho" nasceu na comunidade de Rio Verde, em 06 de outubro de 1928. Violeiro de Fandango Caiçara, prática que aprendeu com seu pai [Célio Gonçalves], foi um dos mais importantes nomes no cunho do resgate do Fandango Caiçara na região.
        Era o ano de 1995, quando a Fundação Cultural Teatro Guaíra desenvolvia uma ação cultural em Guaraqueçaba chamada 'Texto como Pretexto', com o intuito de, com texto de teatro, inserir jovens na prática do Fandango Caiçara... O trabalho iniciou com a base em um grupo que recém se formara na cidade, o Pirão do Mesmo, sob a direção de Wilson Nunes de Souza 'Negrola', aliando no contexto dramático do teatro a presença de mestres da cultura caiçara, entre eles Janguinho, a ensinar alguns passes de Fandango, que a peça teatral necessitava.
        Foi um início difícil, para todos... Como fazer os jovens atores dançarem Fandango, com a forma e respeito com o qual os mestres queriam? Como acompanhar os mestres? o tempo da moda tocada era muito maior que o tempo da cena! Aos poucos, foi-se construindo um respeito e reciprocidade e Mestre Janguinho dedicando-se a ensinar e tocar viola...
durante o ensaio da peça teatral 'Fandango'

        Mais de cinco anos se passaram, dedicados ao Fandango Caiçara e ao repasse aos jovens... Estavam lá inclusive quando não tinha ensaio de Fandango... queriam estar juntos, acompanhar!
        Foram bons tempos... Guaraqueçaba, comunidades, Paranaguá, Antonina, Curitiba, Campina Grande do Sul, Tijucas do Sul, Cananéia/SP... Apresentações de teatro, fandangos, oficinas, ensaios... Em todos estava Mestre Janguinho e sua viola, fazendo Fandango Caiçara... e como gostava.
Mestre Janguinho (agachado na esquerda, de chapéu branco) com o Grupo Teatral Pirão do Mesmo

         Temos pouco registro daquele tempo, mas ainda Mestre Janguinho teve depoimento registrado no Museu Vivo do Fandango (2008) e homenageado durante o II Encontro de Fandango e Cultura Caiçara (2008).
        Faleceu dia 14 de novembro de 2008, em Guaraqueçaba.
recebendo homenagem durante o II Encontro de Fandango (2008)
 
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        Como resultado do esforço unido e em prol do reconhecimento desta biografia ímpar em nossa cultura, foi sancionada recentemente a lei que criou o Dia do  Fandango Caiçara 'Mestre Janguinho', celebração anual visando ações culturais em benefício da cultura caiçara, como compromisso público, principalmente nas pastas de educação, cultura e turismo...
       
        Infelizmente parece ter ocorrido grande equívoco, onde por incompetência de entendimento e bom senso, inicialmente fora publicado como se o Dia do Fandango Caiçara objetivasse ser 'feriado' municipal, notícia que tomou proporções que levaram muitos a creditarem 'em um dia de folga' no serviço público, desestimulando a aceitação de uma celebração alusiva a tal dia, em homenagem ao Fandango Caiçara. Notícia errônea que continuou circulando mesmo depois de tentarmos fazer as devidas correções...

        Visando ações, conforme proposta, o Departamento de Cultura e seu diretor Leandro Diegues, preparou uma programação semanal destinada a 'levar' o Fandango Caiçara em espaços públicos, a constar, apresentações nas escolas municipal, particular e estadual, exibição de vídeo-documentário, além de baile de Fandango Caiçara.



Programação
http://www.guaraquecaba.pr.gov.br/?e=a79afcb8840a1172df9267019c2b7c0c=255

Quarta-feira 
10:30 e 15:30 - Video Documentário e Apresentação Grupo Fandanguará (Grupo Marista - PUC).
Quinta feira
11:00 e 16:00 - Oficina e Apresentação Grupo Fandanguará (Escola Municipal Antonio Barbosa Pinto).
15:00 - Video Documentário e Apresentação Grupo Fandanguará (Colégio Estadual Marcilio Dias).
Sexta feira
08:15 e 15:00 - Video Documentário e Apresentação Grupo Fandanguará (Escola Adventista).
09:25 - Oficina e Apresentação Grupo Fandanguará (Colégio Estadual Marcilio Dias).
20:30 - Cine Caranguejo - Video Documentário (Praça William Michaud).

Sábado
15:30 - Ensaio aberto Grupo Fandanguará (Praça William Michaud).
20:00 - Bingo e após Baile de Fandango (Salão Paroquial).
 
 

Salve a Cultura Caiçara!
Viva Mestre Janguinho!
Viva o Fandango Caiçara!
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MAIS SOBRE A LEI QUE CRIA O DIA DO FANDANGO CAIÇARA 'MESTRE JANGUINHO'
VÍDEO FANDANGO EM RIO DOS PATOS

1 de setembro de 2015

Verão da Lata - a maconha espalhada pelo litoral...

Setembro... 1987! Verão... 
        Tempos inesquecíveis para muitos habitantes das zonas costeiras do Brasil, principalmente no litoral de RJ, SP, PR e RS... como ouvi falar das latas de leite pela praia... como surgiram visitantes inesperados e nunca visto em nossas praias...
        O navio panamenho Solana Star, partindo da Áustrália, com escala em Cingapura, rumava em direção ao E.U.A, com carregamento estimado em 20 mil latas de suco de frutas ou leite, como por aqui diziam.
        Faria uma escala no Rio de Janeiro antes de seguir viagem...

    Até ai tudo bem, se a Polícia Federal do RJ não tivesse sido informada sobre tal carregamento suspeito...
        A agência anti-drogas norte-americana, seguia o navio até que este adentrasse as águas brasileiras, quando então o interceptaria a Polícia Federal Brasileira, mas os traficantes a bordo, se passando por marinheiros, sabendo da ação que resultaria na apreensão do carregamento e suas consecutivas prisões, tiveram uma atitude inesperada, ao menos para o cozinheiro, único realmente marinheiro, contratado, e que ao final o único que vai ser preso, julgado e condenado...  

        A tripulação começa a jogar no mar as latas (1Kg) de alumínio, fechadas a vácuo... centenas, milhares de latas de leite são despejadas no mar. A Marinha do Brasil ainda conseguiu recuperar algumas, mas a grande maioria foram levado pelas correntes marinhas às mais diversas praias do litoral brasileiro, gerando ‘euforia’, logo após descoberto o conteúdo das latas: maconha de qualidade jamais experimentada no Brasil.
       
        O fato está registrado, inclusive, na biografia de Tim Maia:

[...] no início do verão de 1987, com o Rio de Janeiro vivendo uma de suas piores secas de maconha, Tim receberia uma das melhores notícias de sua vida: o cargueiro Solana Star, vindo da Tailândia, tinha encalhado em Angra dos Reis e liberado no mar a sua carga de 14 toneladas de maconha prensada, em latas cilíndricas de dois quilos [...] Os pescadores começaram a vender as latas, centenas delas, a preço de banana. Os surfistas, grandes consumidores, saíram na frente e se lançaram ao mar. Apesar das recomendações ao seu secretário para comprar “todas que pudesse”, Tim teve que se contentar com três latas, apenas seis quilos de maconha. E comprou um binóculo. Passava um bom tempo na varanda do apartamento olhando o mar da Barra e, caso visse alguma coisa brilhando, começava a gritar. Apesar de toda vigilância, nenhuma lata foi capturada. Era impossível competir com os surfistas, que ou fumavam tudo ou vendiam pelo dobro do preço dos pescadores. Nunca houve tanta maconha, tão boa e tão barata no Rio de Janeiro. Era tal a sua qualidade que inspirou a gíria “da lata” para alguma coisa muito especial.


        Foi um tempo em que todos se lançavam ao mar procurando um brilho que denunciasse as latas... alugavam barcos a procurar tal latas... compravam dos pescadores... Era o Verão das Latas. 

         Acostando em boa parte das praias do Brasil, inclusive em Superagui e Barra de Ararapira. Desconhecendo a serventia de tal produto, as latas foram recolhidas ao monte, por estas praias e estocadas nas casas de muitos pescadores.
        Logo, esta região também tornou-se roteiro de traficantes, procurando entre os moradores e comprando, também daqueles que descobriram o valor comercial do produto.. Houve inclusive alguns dizendo ser 'policiais', recolhendo as latas com os moradores.
        passavam todo dia, pessoas estranhas, dizendo ser 'policial' e recolhendo as latas...
        Como de maior qualidade que as drogas vendidas no Brasil, logo a alcunha “esta é da lata” tornou-se sinônimo de cannabis sativa de boa procedência e qualidade...
        Dizem, ainda, que alguns a esconderam aos montes, esperando o aumento do valor comercial, porém, ficaram amedrontados quando a polícia passou a procurar as latas pelas praias, com medo de serem presos, abandonaram as latas, escondidas... o tesouro é de quem as achar?

 
o trágico final do navio Solana Star
        Conforme History, o "Solana" nasceu em 1973 como Foo Lang, foi rebatizado para Geraldtown Endeavour, em 1980, virou Solana Star em 1986, e ganhou o nome de Charles Henri ao ser leiloado pelas autoridades brasileiras. Após, recebeu dos novos donos o nome de Tunamar, atuando como pesqueiro, partindo de Niterói para Santa Catarina, naufragando no dia 11 de outubro de 1994, na região de Arraial do Cabo, no litoral fluminense, quando 11 dos 22 tripulantes morreram, nove ainda estão desaparecidos no interior do navio.
 VER: Mergulho no Tunamar: https://www.youtube.com/watch?v=ZsDCeytbS-c

        O caso Verão das Latas batizou algumas bandas, como a de Renato Rocha, depois que saiu do Legião Urbana, também virou marchinha de carnaval, livros, documentários, músicas, como "veneno na lata", de Fernanda Abreu, além de outros produtos como camisetas, fazem referência ao episódio.

History Logo 
Há um dossiê completo no HISTORY
1: http://www.seuhistory.com/videos/verao-da-lata-especial-completo-parte-1
2: http://seuhistory.com/videos/verao-da-lata-especial-completo-parte-2
3: http://seuhistory.com/videos/verao-da-lata-especial-completo-parte-3

REFERENCIAL





vídeos/documentários:
"A lata - o verão da lata" - https://www.youtube.com/watch?v=23_10oe3k64
"A maconha da lata - 1988" - https://www.youtube.com/watch?v=t7vVNdjC4Gc
"Prog. Teledomingo relembra Solano Star" - https://www.youtube.com/watch?v=FqEXsi4FmMs
"Verão da Lata Solano Star" - https://www.youtube.com/watch?v=leP69V5Kv0g
        No Paraná foi lançado recentemente (2015) o doc. "Lata, chumbo e prata", dirigido por Pedro Merege e Estevan Silveira (https://www.youtube.com/watch?v=1RVU68GiDwM).
LIVROS:
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(acréscimo em 05/11/2016)
Lata, Chumbo e Prata
- assista o filme completo -

31 de agosto de 2015

POSITIVO - o cidadão Guaraqueçabano tratado com respeito

 
        Quero parabenizar o bom serviço prestado pela Secretaria de Saúde, mostrando respeito aos cidadãos e tratando-os com dignidade no atendimento de suas necessidades.
        Recentemente, pude perceber e, mais ainda, utilizar-me dos serviços, acredito, dificilmente anteriormente prestados em Guaraqueçaba, onde, sem precisar deslocamento até Pguá, foram, todos os exames, realizados em nossa cidade e prontamente atendido pela equipe médica, etc... seguindo de encaminhamento à unidade especializada, ai sim, noutro município, fruto de parcerias e convênios.
        Informalmente, me explicaram, profissionais concursados e a ampliação de atendimentos, dos projetos futuros, aquisição de equipamentos para outros exames, já licitados, necessitando agora de treinamento da equipe de manuseio, aquisição de automóveis repassando-os às comunidades, visando rápido atendimento nas urgências e exames médicos... Prestes a inaugurar a Academia da Saúde, visando mais qualidade de vida à população.
        Pude perceber, nas pessoas que juntamente comigo utilizavam tal serviço, o agradecimento pelo seu direito de cidadão ser efetivamente prestado em tal secretaria, portanto, fica nosso POSITIVO. 
 

26 de agosto de 2015

Legislativo de Guaraqueçaba aprova PL que Cria o Dia do Fandango Caiçara "Mestre Janguinho"

        Em sessão realizada no dia 25 de agosto de 2015 os vereadores aprovaram o Projeto de Lei, indicativa cultural, proposta pelo Vereador Oromar Rodrigues criando o Dia do Fandango Caiçara no município, com ações culturais previstas na semana em que aniversaria o Mestre Janguinho (In Memoriam), 06 de outubro.
 
        Desde o extinto Pirão do Mesmo, que nasceu no ano de 1996, onde Mestre Janguinho desempenhou reconhecida ação em prol do Fandango Caiçara, observa-se a falta de políticas públicas, ou seja, ações específicas e concretas das gestões que se passaram visando a história e cultura de nosso povo, evidenciado apenas restritamente em apresentações nas festividades alusivas ao aniversário do município, salvo em casos recentes, onde observa-se, mais reconhecimento e portanto maior abertura aos movimento cultural local acerca de proposições culturais no município.
 
        Entendendo como compromisso também dos gestores, o PL Dia do Fandango Caiçara, prevê ações, principalmente à cultura, turismo e educação, que fomentem a história e cultura caiçara, valorizando assim, nossa identidade.

        segue link da indicação desta iniciativa, juntamente com os acréscimos de correções apresentados ao pré-projeto de lei e tão logo sancionado seja pelo executivo, como esperamos, publicamos a lei na íntegra e aguardamos o cumprimento da legislação.

https://drive.google.com/open?id=0B3Ue7WCPmb5GeUtTbW5lWlJHdU0

Edmir Vidal Lopes 'Zil', vereador Gracindo 'Nico', vereador Oromar, Zé Muniz, Leandro Diegues, Vereador Abelardo.

vereadores e convidados presentes
 
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ATUALIZAÇÃO DO DIA 09/09/2015
 
        O PL que cria o Dia do Fandango Caiçara foi sancionado pela Excelentíssima Sra. Prefeita, tornando-se lei municipal.
        Segue link de cópia na Biblioteca Eugeniano Ferreira.
 
 
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Veja reportagem no site oficial da Prefeitura de Guaraqueçaba
 
OBS:
        Pedimos a atenção na leitura, pois tal proposta transformada em PL e agora sancionada não se trata de 'mais um' feriado municipal.