"Eu considero Guaraqueçaba um pequeno mundo dentro do mundo"
- Padre Mário Di Maria - (12/07/1974 - entrevista ao Jornal Diário do Paraná)

7 de julho de 2009

Ararapira - matéria na Revista de História da Biblioteca Nacional

por Juliana Barreto Farias da Revista de História
a partir de relato da Zé Muniz
01/07/2009
Cidade em apuros
Ex-moradores lutam para que vila paranaense fundada no século XVIII não suma do mapa de vez
O reencontro dos velhos conterrâneos acontece uma vez por ano. Alguns chegam um pouco antes e aproveitam para pintar casas e a igreja. Outros são avisados por telefone e vão espalhando a notícia. No dia marcado, vem gente de Curitiba, Paranaguá, Iguape, Cananéia e Registro. Depois de atracarem seus barcos no Rio Ararapira, eles jogam futebol e bingo, participam da missa e acompanham a procissão do santo padroeiro com muitos fogos, cânticos, comidas e bebidas.
A festa em homenagem a São José é uma das poucas coisas que restaram da Vila de Ararapira, na divisa entre Paraná e São Paulo. Há cerca de um século, a população começou a abandonar o lugarejo, e hoje só existem ali casas antigas, a matriz e o único cemitério da região. “Apesar de os ex-moradores ainda manterem um elo com sua Vila, tal cuidado não é suficiente, pois não há muito tempo roubaram a antiquíssima imagem de São José. O lugar também vem sofrendo com a exploração turística, inclusive com a exposição de ossadas humanas no cemitério para atrair visitantes”, revela José Carlos Muniz, licenciado em História pela Faculdade Estadual de Paranaguá e autor de uma monografia sobre as memórias de Ararapira.
Localizada no município paranaense de Guaraqueçaba, a vila foi fundada no século XVIII como ponto estratégico para embarcações que navegavam pelas baías de Cananéia e Paranaguá. Também era alvo de disputas constantes entre os governos de São Paulo e Paraná. O impasse só foi resolvido em 1922, quando o presidente Epitácio Pessoa declarou que as terras pertenciam ao território paranaense. Na época, alguns moradores chegaram a fazer um manifesto pedindo para continuarem como paulistas. E muitos acabaram mesmo se transferindo para o estado vizinho: fundaram uma nova vila do outro lado do rio.
A partir da década de 1950, a mudança para outros centros urbanos virou questão de sobrevivência. A abertura do canal do Varadouro, em 1955, facilitou o escoamento da produção agrícola, mas provocou um aumento considerável do nível do mar e destruiu parte da vila. Vinte anos depois, a instalação da Companhia Agropastoril trouxe uma forma “natural” de expulsão dos moradores. “Eles soltavam búfalos nos matos, e como os terrenos caiçaras não tinham cercas, os animais invadiam e destruíam as plantações. Ainda tinha a ação dos jagunços e as ameaças de morte. Muitos acabaram vendendo suas terras e outros simplesmente as abandonaram”, conta José Muniz. Para completar o processo, a criação do Parque Nacional do Superagui, nos anos 1990, transformou a região numa área de proteção ambiental e impediu que qualquer pessoa vivesse ali.
Hoje, os ex-moradores de Ararapira se espalham por cidades próximas. Dinancor Cunha, de 78 anos, vive em Paranaguá, mas todo ano volta à sua terra natal para carregar o andor na festa do padroeiro. E não se cansa de responsabilizar o Parque pelo completo abandono do lugar. “Toda a cultura de subsistência que ali existia tornou-se irregular, seja o plantio de uma roça ou mesmo pescar naquelas margens. Coube à população ir embora”, acredita.
Mas os velhos habitantes não perderam a esperança de um dia voltar. Até já criaram uma associação para proteger seus interesses e divulgar “sua verdadeira história”.
“Infelizmente, moradores vizinhos e barqueiros, interessados apenas em suas diárias como guias ou ‘historiadores’, passam somente a imagem de uma ‘vila fantasma’ cheia de absurdos, como a morte da família que queria retornar, a loira que perambula pelas trilhas, o corpo seco no cemitério, o que tem causado muita indignação entre os ex-moradores”, afirma José Muniz.

http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=2493

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segue a matéria do Jorna União de Londrina, segunda-feira, 20 de julho de 2009, onde o Deputado paranaense Luiz Carlos Hauly (PSDB), comovido, encaminhou ofício ao ministro do Meio Ambiente Carlos Minc relatando as causas do abandono de Ararapira e cobra do Ministro ações para proteção da Vila.

http://www.jornaluniao.com.br/noticias.php?noticia=2022

2 comentários:

  1. Oi boa noite, por favor me tire uma duvida, essa vila de Ararapira, é o mesmo lugar que a Barra do Ararapira?
    Muito obrigado, gostaria se possivel receber respostas em meio email:
    rogerio_ventura@hotmail.com

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  2. DESDE DE PEQUENA OUÇO FALAR EM ARARAPIRA ACHAVA ESSE NOME ENGRAÇADO, MEUS AVÓS PATERNO VIERAM DE LÁ, HOJE JÁ FALECIDOS, HUMBERTO JONAS XAVIER E CATOLINA DE PAULA XAVIER, E TINHA DUAS TIAS QUE NÓS CHAMAVAMOS DE TIMANA MARIA E OUTRA DE TIMANA, DESDE A SAÍDA DELES DE LÁ QUE ESTAMOS AQUI EM PARANAGUÁ, ALGUÉM CONHECE ELES O MEU PAI SE CHAMA VASCO XAVIER, UM DIA GOSTARIA DE CONHECER A TÃO FALADA ARARAPIRA. MEU EMAIL denizemxavier@hotmail.com

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