"Eu considero Guaraqueçaba um pequeno mundo dentro do mundo"
- Padre Mário Di Maria - (12/07/1974 - entrevista ao Jornal Diário do Paraná)

24 de novembro de 2012

Fandango Caiçara... Patrimônio Imaterial do Brasil (parte II)

PATRIMÔNIO IMATERIAL

        A Unesco define como Patrimônio Cultural Imaterial "as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural."
        O Patrimônio Imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
        O Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, instituido pelo Decreto 3551/00, é um instrumento legal de preservação, reconhecimento e valorização do patrimônio cultural imaterial brasileiro, composto por aqueles bens que contribuiram para a formação da sociedade brasileira. Consiste na produção de conhecimento sobre o bem cultural imaterial em todos os seus aspectos culturalmente relevantes, sendo aplicado àqueles bens que obedecem às categorias: Celebrações, Lugares, Formas de Expressão e Saberes, ou seja, as práticas, representações, expressões, lugares, conhecimentos e técnicas, que os grupos sociais reconhecem como parte integrante do seu patrimônio cultural.
        Com o Registro, os bens recebem o título de Patrimônio Cultural do Brasil, sendo, entre outros, registrados a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis/GO, Frevo, Jongo do Sudeste, Modo de fazer Viola-de-Coxo, Ofício das Baianas de Acarajé, Tambor de crioula do Maranhão, Roda de Capoeira, etc.
Dizem que quando um "velhinho" morre é como se uma biblioteca inteira fosse queimada. Quantas encilopédias da vida nos deixaram e sequer aprendemos um pouco de suas sabedorias. Quanto conhecimento não possui um Caiçara e não podemos mais permitir que esta sabedoria se vá... Nos pertence e, não pode estar tão somente no papel também, precisamos vivê-la.

        Diante da grandeza territorial e cultural do país, a implementação dessa política de Salvaguarda está orientada por ações que buscam promover: i) o reconhecimento da diversidade étnica e cultural do país; ii) a descentralização das ações institucionais para regiões historicamente pouco atendidas pela ação estatal; iii) a ampliação do uso social dos bens culturais e a democratização do acesso aos benefícios gerados pelo seu reconhecimento como patrimônio cultural; iv) a sustentabilidade das ações de preservação por meio da promoção do desenvolvimento social e econômico das comunidades portadoras e mantenedoras do patrimônio; e v) a defesa de bens culturais em situação de risco e dos direitos relacionados às expressões reconhecidas como patrimônio cultural.
        Uma de nossas grandes riquezas, o Fandango Caiçara, enfrentou todo o processo burocrático legal (http://informativo-nossopixirum.blogspot.com.br/2012/06/fandango-caicara-patrimonio-imaterial.html) e agora, está prestes a se tornar o mais novo Patrimônio Cultural deste Brasil, sendo no dia 29 de novembro, às 9h, no Palácio Gustavo Capanema (Rio de Janeiro), durante a reunião do Conselho do Patrimônio do IPHAN que, dentre outras pautas, definirá a inclusão do Fandango Caiçara na Lista de Bens do Patrimônio Brasileiro.
        Desde o modo como era tradicionalmente praticado em nossas comunidades, a construção de instrumentos artesanais, o preparo de comidas e bebidas, o multirão, o baile, as modas, um conheciemnto, uma riqueza de nosso povo que ainda hoje, séculos de batidas de tamanco, sobrevive, se transforma, mas está viva e agora ganha de vez o Brasil... Nós Caiçara, temos sim uma cultura que nos identifica! Precisamos cada vez mais valorizar. E nos orgulhemos disso!

         Para representar um pouquinho do Fandango que fazemos, e scolhi as primeiras fotos que fizemos (Fâmulos de Bonifrates) sobre Fandango, quando Mestre Anísio nos dava oficinas em nosso Rancho...
 
Oficina de Confecção de Rabeca

oficina de dança, batido de tamanco e toque dos instrumentos

A partir de dado conhecimento, começamos a divulgar nossa cultura Brasil afora, privilegiando também nossas comunidades com oficinas aos professores e bailes, como este em Rio Verde, com fandangueiros tradicionais.

Baile em Rio Verde

Oficina para professores da Secretaria de Educação

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Grandes mestres são responsáveis pelo Fandango Caiçara atravessar estes séculos. Família Pereira, Nhô Júlio, Seu Vicente, Mestre Janguinho... Na foto uma das primeiras apresentações de Fandango, inserindo jovens no contexto (década de 90).

a cultura se modifica, se apropria de elementos inovadores, mas nunca acaba...

PARABÉNS AO POVO CAIÇARA

Aproveito para divulgar a exibição dos seguintes documentários:

SÉRIE TOCADORES NA TV É-PARANÁ
Amigos, estréia neste sábado a série Tocadores na É-Paraná (canal 9).
Aos sábados, 22h30 com reprise aos domingos 11h15, logo após o Sr. Brasil.
24/11 – Tocadores – Litoral Sul
01/12 – Divino – folia, festa, tradição e fé no litoral do Paraná
08/12 – Dias de Reis – a história de uma companhia de Reis de Curitiba

Um comentário:

  1. Gazeta do Povo -Caderno G - 30/11/2012

    Conselho do Patrimônio Cultural aprova tombamento do Fandango Caiçara

    Expressão musical, coreográfica, poética e festiva, o Fandango Caiçara é encontrado em Guaraqueçaba, Paranaguá e Morretes, e também no litoral paulista

    O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, em sua última reunião do ano, aprovou nesta quinta-feira (29) as propostas de registro do Fandango Caiçara (baile popular, especialmente rural, ao som de viola ou sanfona, com danças de roda e sapateadas, alternadas por estrofes cantadas), do litoral de São Paulo e do Paraná.

    A reunião ocorreu no Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio de Janeiro, sob a coordenação da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado.

    Expressão musical, coreográfica, poética e festiva, o Fandango Caiçara é encontrado, principalmente, nos municípios de Iguape e Cananeia, no litoral paulista, e Guaraqueçaba, Paranaguá e Morretes, no Paraná. O fandango é considerado um elemento fundamental para a construção e a afirmação da identidade cultural das comunidades caiçaras, que nos bailes , acompanhados de mesas fartas, reforçam suas relações de parentesco e convivência.

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