"Eu considero Guaraqueçaba um pequeno mundo dentro do mundo"
- Padre Mário Di Maria - (12/07/1974 - entrevista ao Jornal Diário do Paraná)

13 de fevereiro de 2013

Nosso Pixirum... fora do ar!

         Desde 1999 escrevo para Nosso Pixirum com intuito principal de divulgar a minha pesquisa sobre História de Guaraqueçaba e o mesmo sempre esteve aberto para contribuições de terceiros, e algumas vezes o teve...
 
         Foram mais de 100 postagens, cerca de 60.000 acessos, referenciado em livros, monografias e dissertações, além de jornais e dezenas de trabalhos escolares.
 
        Existe postagem, como aquela que trata da Pesca Caiçara, que fora visualizada, com mais de 3.000 acessos/pessoas; Outras como a que expôs a cassação do ex-prefeito, fora campeã de comentários e a grande maioria deles anônimos e ofensivos, que teve de ser cancelada a postagem de comentários...
 
        Parece que novamente, após postar algo em que diretamente me dirjo a situação, assinando inclusive por ela, é a oportunidade de comentários anônimos virem a tona, contra mim, contra a postagem, etc... Não escrevi nada que desrespeitasse alguém, se o fiz, peço desculpas, como já houve também aquele que se sentiu ofendido em alguns comentários, me ligou e eu retirei tal, por acreditar no trabalho prestado por este blog e em sua essência de não agredir... Mas nem todos assinam o que falam, mas ferem... Certa vez, me lembro, um grande amigo me ligou, pedindo que retirasse uma postagem em que ele indiretamente se sentia ofendido, conversamos alguns minutos e aceitou a veracidade dos escritos e minha obrigação enquanto historiador de escrevê-la e, chegamos a um consenso, permanecendo nossa amizade.
 
        Diversas vezes eu errei, inclusive certa vez, procurado por um advogado informando certo erro de referência e que seu cliente era "fã" de Nosso Pixirum e que eu reconhecesse o direito de tal em certa matéria. Foi corrigido. Há recebi dezenas de fotografias e documentos antigos sobre Guaraqueçaba, daquelas famílias mais antigas que a muito tempo foram embora, etc... Houve alguém que queria postar anúncio comerciais no Blog, gerando, de certa forma, recursos [R$]. Não aceitei, pois não era essa a ideia de Nosso Pixirum.
 
        Como alguém que age, de certa forma, mesmo que não do jeito adequado, pela história de Guaraqueçaba - sou Historiador - divulguei minhas pesquisas e quase 60.000 pessoas no mundo acessaram... Portanto deixo nesta postagem meu e-mail para aqueles que ainda necessitam de respostas sobre Guaraqueçaba e, claro, se eu puder ajudar.


        Este blog passa por uma reestruturação e a possibilidade de sair do ar definitivamente, procurando uma nova forma de manter em evidência as pesquisas acerca de nossa comunidade...
 
 
Agradeço aos leitores e contribuidores...
 
Muita pazzzzzzzzzzzzzzzzzzzz [que é o que eu mais procuro]
 
Zé Muniz

5 de fevereiro de 2013

Patrimônio em Perigo – I Ararapira e seu abandono...




 
década de 80
foto: Miguel Von Behr.
 2006
 
         Aproxima-se o mês de março... alguns ex-moradores vão chegando, pintando suas casinhas, carpindo as trilhas, arrumando as mínimas condições necessárias para, no dia 19, a vila de São José da Marinha ou simplesmente Ararapira, receber centenas de ex-moradores e celebrar seu Padroeiro São José.

procissão com o andor do Padroeiro São José
foto: 2006
 
jovens jogando futebol, tudo "normal"
foto: 2006
 
        Tem sido assim desde que a legislação ambiental começou a impor fortemente suas regras neste ambiente, incorporando-o ao Parque Nacional de Superagui (década de 80) e de certa forma, forçando seus antigos moradores a deixarem suas terras, já motivados pelo declínio da pesca artesanal, as questões de domínio das terras pela Cia. Agropastoril (década de 70), com seus jagunços e búfalos a amedrontar os caiçaras moradores da região, a abertura e consequente assoreamento do Canal do Varadouro (a partir da década de 50), motivo principal do desmoronamento do barranco da Vila de Ararapira...
 
        Há a Vila era atendida pelos paulistas e após 1920, a reivindicação paranaense pela posse teve um desfecho positivo, o Presidente Epitácio Pessoa decretou esta pertencer ao Paraná, então os paulistas que atendiam com Correio, Cartório, Delegacia, Escola e o mais importante, atendimento da Cia. De Navegação Sul Paulista com itinerário marítimo passando pela vila a escoar e trazer produtos. Uma vez sendo paranaense, o “domínio” paulista ali desempenhado fora transferido pro outro lado do Canal do Varadouro, fortalecendo Ariri, em território paulista, cabendo a Ararapira e seus pouco moradores restantes o abandono do governo paranaense...

Dinancor (In Memoriam) mostrando até onde ia a Vila, lá perto do mangue. Desbarrancou tudo.
foto: 2006
 
        Suas terras foram doadas, em 1767, por Joaquim Morato do Canto e esposa Rosa Toledo Piza, para fins de fundar uma povoação (protegendo a Capitania da ameaça espanhola de ocupação das terras portuguesas), sob ordem de Afonso Botelho de Sampaio e Souza, o mesmo que ordenou a construção do Forte Nossa Senhora dos Prazeres, em Ilha do Mel e a Igreja de São Luiz de Guaratuba (note-se que D. José era Rei de Portugal; D. Luiz Antônio de Souza Mourão, Presidente da Capitania de São Paulo).

imagem antiga (direitos reservados)

 
Ararapira 2006
 
         A Vila, segundo historiadores como Carneiro (1986, pg 77), por exemplo, “tivera início no final do século XVI, fora escolhida por ser ponto de para obrigatória entre Paranaguá e Cananéia”, tendo seus primeiros moradores indígenas habitantes desta região a misturar-se com o português, desembarcado em Cananéia no ano de 1501, do qual VIEIRA dos SANTOS (2001, pg 13) descreve: “certamente bem poderiam haver mais de 100 pessoas mestiças entre filhos e netos que aqueles primeiros colonos ali propagaram”, e acrescenta, quando diz que a população, uma vez aumentando, se animaram a entrar em canoas e desvendar os sertões, chegando nas praias de Ararapira e Superagui (onde Hans Staden registra dois em 1549) depois Paranaguá.
 
        Hoje a Vila de Ararapira é muito conhecida como “Vila Fantasma”, vítima de um turismo inconsciente, propagado com inúmeros absurdos, inclusive a exposição de ossada humana, a atrair a atenção dos exploradores turísticos da região... Já fora até reportado “o cheiro de sangue que possui a trilha que leva ao cemitério”; O certo é que por ser antiquíssima, possui inúmeras histórias e lendas que a enredam num cenário um tanto assustador, somado ao fato de existirem as casas de ex-moradores, ruínas da escola, ruínas do cartório, ruínas da delegacia, a Igreja de São José, a trilha do Cemitério, rodeada de mata atlântica, como um cenário de filme de terror... alí se vê morador apenas no dia 2 de novembro – dia de finados, quando visitam seus entes-queridos, ou quando falece alguém naquela região, é em Ararapira o único cemitério...  Ou no dia de São José (19 de março) quando os ex-moradores retornam e realizam a festa em louvor ao seu padroeiro e revivem Ararapira.
seguindo por esta trilha...

... quase que fechada pela Mata Atlântica...

... chegará ao cemitério de Ararapira.
 
        Tudo está em risco... Toda esta mobilidade é ameaçada, por estar tal território dentro do Parque Nacional de Superagui e na legislação de tal unidade seria impossível haver moradores, até porque quando da criação da Unidade de Conservação, estaria abandonada, portanto qual o direito que os ex-moradores teriam de retornar? Reformar suas antigas casas? E aquelas que já caíram?

casa em destaque (década de 80) - verifique área ao redor e barranco
casa em destaque (2006)


ruínas da casa mostrada nas duas fotos acima (2012)



barranco com destruços, ruínas da casa mostrada acima
 

 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
        O que de mais certo é – a Igreja de São José – ainda de pé e que mantém viva a Vila de Ararapira, recebendo todos os anos seus filhos e devotos, está em ruínas, prestes a desabar...
a situação do telhado, com goteiras e prestes a desabar...

a porta da Igreja de São José

a situação das janelas da Igreja de São José

duas madeiras sustentam a estrutura do telhado


é precária as condições da centenária Igreja


rachadura na parede externa da Igreja de São José
 
 Serve esta postagem para denunciar tal ABANDONO E DESCASO...
... Será enviada ao e-mail do escritório do IPHAN/PR, a Secretaria de Estado da Cultura setor Patrimônio, Secretaria Municipal de Cultura de Guaraqueçaba e tento fazer uma denúncia na Revista de História seção Patrimônio em Perigo e peço gentilmente que todos denunciem, divulguem este descaso!....
 
        A história da Vila foi tema de minha monografia de conclusão de Curso de História na FAFIPAR, em 2008 (https://drive.google.com/file/d/0B3Ue7WCPmb5GOF9YTVlMbnk5MEE/view?usp=sharing) e de lá pra cá, uma reportagem na Revista de História da Biblioteca Nacional, quando um Deputado Federal cobrou ações do Ministério do Meio Ambiente, algumas reportagens em jornais paranaenses e mais recentemente (a produzir) um documentário sobre a Vila de Ararapira.
Seguem alguns links sobre a história da Vila de Ararapira
5. http://robertofortes.zip.net/arch2008-08-17_2008-08-23.html
6. http://robswood.blogspot.com.br/2011/01/ararapira-cidade-fantasma.html?showComment=1360087875458
7. http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/os-cacadores-de-lugares-esquecidos