É Tempo de Celebrar a vida!
E soava a buzina da embarcação anunciando a chegada de mais uma lotação para a festa da “Vovózinha do Paraná” e, aos sorrisos e abraços eram recepcionados aqueles amigos conterrâneos que desembarcavam para aquela festa do ano de 2020. Tudo estava na maior tranquilidade possível.
Era o mês de março e ainda que o mundo recém anunciara [dia 11] a capacidade mortal do então desconhecido vírus (SARS-CoV-2) da família do Coronavírus, se espalhando com potencial de pandemia e causador da doença Covid-19, os poucos que naquele rincão tentavam se conectar às informações, pareciam a nada temer, afinal de contas surgira lá no oriente, noutro canto do mundo, e aqui era o momento de celebrar Guaraqueçaba.
Mal sabiam, porém, que aquela seria a última festa e não apenas pelos próximos meses e ano, mas também muitos daqueles que ali estavam teriam seu último momento de abraçar e sorrir com os amigos e familiares em sua “Terra Querida”. O Coronavírus se propagou mundo afora numa rapidez a deixar em pânico países, estados, cidades, vilarejos, famílias, amigos, Guaraqueçaba.
Os infectados aumentavam exponencialmente a cada nova atualização dos dados e o noticiário escancarava as portas do lamentável estado do sistema de saúde, alguns estados entrando em colapso, hospitais de campanha e em decorrência, o elevado número de óbitos assustava o Brasil; as imagens compartilhadas de covas coletivas aterrorizava; a tristeza chegara... Mais de cinco milhões de mortos pelo mundo, meio milhão apenas no Brasil em pouco mais de um ano de pandemia.
Fechamento de comércio, suspensão de aulas e de celebrações religiosas, cancelamento de eventos, interrupção das linhas regulares de transporte de passageiros, lockdown ou isolamento e distanciamento social, quarentena, uso de máscaras e higienização obrigatória tornaram-se medidas do cotidiano das pessoas mundo afora e não demorou muito para que Guaraqueçaba também as aderisse evitando a contaminação com o vírus mortal.
Mais de 1 milhão de casos positivados no Paraná, alguns com sintomas graves, outros assintomáticos, uns em perfeito estado de saúde, o Covid-19 não estava mais apenas nos noticiários televisivos, os enfermos enchiam enfermarias e UTIs na vizinha Paranaguá e os infectados contabilizados diariamente não eram apenas números e sim conhecidos e, lamentavelmente, as vítimas agora eram conterrâneos, eram os guaraqueçabanos... Paulos e Marias, Sérgios e Joanas, somam-se a mais de 20, não apenas nomes, mas pais e mães, familiares, amigos e amigas que perderam suas vidas nessa batalha contra o vírus invisível. Guaraqueçaba enlutada pelos seus filhos e filhas.
Em meio a esse trágico cenário que o mundo vivia, tratamentos ineficazes surgem, noticiários falsos se espalham, o descrédito na ciência toma forma e se personaliza através de uma voz, repercutida por muitas bocas: “É apenas uma gripezinha”. Fakenews, esse é um vírus mortal!
Sem se abalar, porém, a ciência dá sua resposta através de rápida pesquisa e testes e eis que surgem imunizantes; era o dia 08 de dezembro de 2020, na Inglaterra, uma idosa e simpática senhora fora vacinada contra o Covid-19 e pouco tempo depois, já no Brasil, em 17 do janeiro vindouro, uma enfermeira de São Paulo também recebera o imunizante e este produzido pelos nossos cientistas - Coronavac. Momento de euforia, era a esperança em dias melhores.
A alegria voltou a estampar sorrisos guaraqueçabanos, pois, ainda que em tempos de muita precaução, contava-se os dias para a vitória final, desde que em 19 de janeiro de 2021, a enfermeira Josiane Correa Rocha Romano Nunes é a primeira a receber o imunizante em nossas terras e depois, outras tantas Josianes, Anas, Joãos e Josés se vacinando também – Guaraqueçaba é uma das primeiras a vacinar totalmente sua população contra o Corona Vírus.
As restrições continuam e o vírus apresenta suas assustadoras variantes - Delta e Ômicron – avançando também o número de vacinados com a primeira, a segunda dose e o reforço mudando constantemente a faixa étária da imunização, idosos, comorbidades, 65 anos, 50, 45, maiores de 18, de 12 anos, crianças de 07 a 12 anos... alívio. É a ciência salvando vidas.
E eis que um novo ano chega – 2022 – e logo chegará também o mês de março e novamente o desembarque de conterrâneos e por mais que alguns não estejam mais conosco – é tempo de lembrar nossos ente queridos – os abraços e sorrisos devem fazer parte do cenário – É tempo de festejar nossa Guaraqueçaba! É tempo de celebrar a vida.
Escrito em dezembro de 2021.