"Eu considero Guaraqueçaba um pequeno mundo dentro do mundo"
- Padre Mário Di Maria - (12/07/1974 - entrevista ao Jornal Diário do Paraná)

12 de janeiro de 2011

Lançado livro que retrata a Romaria do Divino Espírito Santo

fonte: II Encontro de Fandango
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SALVE O
DIVINO ESPÍRITO SANTO
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A Festa do Divino Espírito Santo era o ponto culminante d’uma comemoração que iniciava cerca de 45 dias antes, quando tocadores de rabeca, viola e caixa, acompanhados de uma criança, o Tipe, que possuía uma voz muito aguda, saiam em Romaria, levando a Bandeira do Divino a todas as moradas das comunidades mais distantes, entoando cantorias, com versos criados instantaneamente para cada ocasião, num momento tradicional de fé, crença e esperança. Era assim em Guaraqueçaba, Paranaguá, Guaratuba, também em Curitiba...
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Deus te salve Luz Sagrada / Ela que nos batizou
Clareou o Espírito Santo / quando pela porta entrou.

Recebeu o Espírito Santo / com muita satisfação
Recebe toda fortuna / do nosso Pai de benção.

Recebeu o Rei da Glória / trouxe na sua morada
Veio aqui fazer visita / a esta família estimada.

Este Espírito Divino / da Matriz de São João
Este está lhe Abençoando / nesta hora de oração.

Divino Espírito Santo / veio pedir uma oferta
Pede ajuda a seus devotos / pra ajudar na sua festa.

foto: Zé Muniz
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"lá na Ilha Rasa, tinha as duas Bandeiras, da Trindade e do Espírito Santo, que saiam juntas só na procissão da festa; Agora de Romaria era a Bandeira do Espírito Santo que antigamente saia da Ilha Rasa pra fora; e lá ia Bandeiras de outros lugares também, então ia a Romaria ca Bandeira de Cananéia, de Guaraqueçaba, da Colônia de Serra Negra. Na Ilha Rasa tinha foliões dos bons, era Antonino Borges, que era o mestre, José Correa, que era na Rabeca, também tinha o Gabino Vicente, esses eram de Serra Negra, mas nós levava eles pra tirarem a Bandeira lá na Ilha Rasa. A Festa do Espírito Santo, saia no dia 08 de agosto, aí saia a Romaria. O festeiro pedia pra igreja a imagem do Divino e saia na Ilha Rasa inteira, depois passava nas casas, na Ilha das Gamelas, Medeiros, Tromomó, ia por tudo lá. Então o povo tava roçando, fazendo qualquer outra coisa, escutava aquele “bum bum bum”, da Bandeira, “escute vem a Romaria aí”. Largava tudo e ia embora pra atender a Bandeira. Ninguém trabalhava naqueles dias.
(Depoimento de João Alves Batista, "João Buso", recolhido em Paranaguá, no ano de 2006)
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fonte: Zé Muniz
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fonte: II Encontro de Fandango
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Como em muitas cidades, as tradições locais vem perdendo espaço cada vez mais para tantas outras “modernidades” e desaparecendo, como por exemplo, em na cidade de Guaraqueçaba há mais de 80 anos não acontece a Romaria do Divino Espírito Santo.
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Capa do Livro
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O Livro “Uma Romaria do Espírito Santo”, com 111 páginas, descreve a romaria que aconteceu na comunidade de Barra de Ararapira no ano de 2004, quando pela última vez passou por lá a equipe de Cananéia, sendo acompanhada durante os sete dias, visitando todas as casas da comunidade. A pesquisa está acrescida de fotografias, depoimentos de mestres, lendas, versos e cantorias, origem da tradição, histórico das festas em Paranaguá, Cananéia, Guaratuba e Guaraqueçaba.
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o autor Zé Muniz e seu pai Zé Hipólito Muniz
foto: Projeto Tocadores
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O autor, Zé Muniz, é nascido em Guaraqueçaba, licenciado em história e pesquisador das tradições caiçaras.
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foto: Projeto Tocadores
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"tenho conhecimento né, do canto, da Rabeca, quando bate a Caixa também. Fiz umas aulas em Cananéia, mais infelizmente não apareceu ninguém. Só temo aqui o Agnaldo, João Vítor que é da minha idade, o Kiko que é mais ou menos da minha idade e outras pessoas não quiserem aprendê. A gente espera que tenha pessoas de boa vontade pra continuar, porque a Romaria tá por um fio. Que o Divino nos traga bons Mestres pra continuá nossa caminhada"
(depoimento de Mestre André Pires, recolhido em Barra de Aararapira no ano de 2004)
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DESPEDIDA

Divino Espírito Santo / faz a sua despedida
ele está abençoando / a vizinhança querida.

Divino Espírito Santo / o nosso Pai de Bondade
Leva na recordação / a nobre comunidade.

Divino Espírito Santo / nosso Pai de Segurança
Vai deixar toda fortuna / pra essa nobre vizinhança.

Este Espírito da Glória / ele vai e despedir
Fiquem devotos com Deus / nós com Deus queremos ir.

Aqui desta vizinhança / se despede o Deus Sagrado
Desculpem as nossas falhas / pra todos muito obrigado.
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fonte: Projeto Tocadores
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Interessados em adquirir o livro entrar em contato:
Zé Muniz
Telefone: (41) 84 16 32 65
e-mail: muniznativofilho@yahoo.com.br
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Para saber mais sobre o Projeto Tocadores: Olaria Cultural - http://www.olariacultural.com.br/

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