23 de janeiro de 2019

O GUARDADO DE SEO MANOEL


        Em tempos de outrora a vila de Guarakessaba vivia seu auge econômico; no porto, cada vez que atracava um navio, badalava o sino repercutindo na cidadezinha a emergente movimentação em torno da produção de banana, também em torno da extração de madeiras e fabricação de dormentes ou mesmo da colheita de arroz; certo ano foram mais de 40 navios carregando toneladas de bananas para o Rio da Prata; iniciava inclusive os rabiscos do ambicioso projeto da estrada de ferro ligando Guaraqueçaba a Cananéia, pela Trilha do Telégrafo, escoando a produção da região.
Jornal “A Notícia” (edição de 31.05.1907)

        Nesse período, a sociedade vivia seus anos dourados, também o comércio se mostrava rentável e cada dia mais prosperidade apresentava seus donos. Um deles possuía 08 embarcações para levar cargas até os navios maiores que não chegavam no Porto de Guaraqueçaba. 
        Um destes comerciantes era o Coronel Manoel Leandro da Costa, que ocupara ainda os cargos de Vereador e Vice-Prefeito na cidadezinha litorânea.


casa do Coronel Manoel Leandro da Costa

Em seu comércio, uma das suas artimanhas para evitar os famosos “marca aí, que depois eu pago" que sempre acabava em calotes, resolveu dar o nome de “Fiado” para seu cãozinho guapeca, querido por todos e acarinhado pela família. Quando um cliente chegava em seu comércio perguntando se Seo Manoel vendia fiado, logo lhes respondia: “ó, tão querendo comprar fiado, vendo?” e suas filhas berravam apavoradas lá da cozinha: "Papai, não venda fiado não". Assim Seo Manoel se livrava dos calotes e mau pagadores.
Dessa forma o velho Seo Manoel, trabalhador incansável, com as exportações, além do seu comércio, conseguiu acumular boa quantidade de recursos financeiros. Mas como guardar, proteger suas economias, uma vez que ainda faltava uma agência bancária na crescente vilazinha.
É ai que nasce uma fantástica? história do Guardado de Seo Manoel.


Dizem que teria enterrado próximo a sua morada, um baú com 30 moedas de ouro. Trinta moedas de libras esterlinas, outros ainda acreditam que eram 300 moedas douradas e, pois não é que o velho adoeceu e nos últimos instantes de vida, acabou esquecendo do exato lugar do seu guardado. Parece, segundo comentam, que teria dado apenas umas poucas dicas: "enterrei entre três pedras" ou será que foi "debaixo de uma Figueira?".
Ainda teria o Coronel deixado uma última ordem: "Aquele que conseguir carregar toda aquela riqueza pode ficar com ela", dando a parecer se tratar de muito mais de 30 ou 300 moedas...
O guardado de Seo Manoel foi comentando e por alguns inutilmente buscado, as moedas esterlinas – seriam de ouro puro? – povoam ainda a imaginação de muitos; uns sondaram com maquinários, outros fizeram enormes buracos, vários dizem ter sonhado; de vez em quando aparece alguém dizendo ter sonhado com um homem que, como relatam, indica o exato lugar. Seria Seo Manoel?...
Houve aqueles que, em noite escura, vestidos de preto, pareciam, com velas nas mãos, invocar o dito cujo, esperando algum sinal e que este o revelasse o lugar onde o guardado foi enterrado.

O certo mesmo, é que no suposto local, durante anos, os diversos moradores que por ali residiram, sempre relataram acerca das visagens e assombrações que supostamente guardariam eternamente o segredo de Seo Manoel, porém, tais espíritos, nunca mais se ouviu falar deles... Teriam desaparecidos porque o tesouro foi encontrado?


        Uma das partes do antigo terreno do Coronel, hoje me pertence... é difícil saber que se é milionário ou apenas riquíssimo e ao mesmo tempo não saber ou poder chegar ao seu tesouro... Seu Manoel nunca me mostrou o lugar, nem em sonho, nem acordado. “Pô seu Manoel, dá uma ajuda, né”.
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Há uma postagem acerca da biografai do neto do Coronel Manoel Leandro da Costa - http://informativo-nossopixirum.blogspot.com.br/2017/11/seu-pitaco-manoel-dario-do-nascimento.html