Guaraqueçaba celebra a Semana do Fandango Caiçara Mestre Janguinho <http://informativo-nossopixirum.blogspot.com.br/2015/10/nho-janguinho-o-mestre-do-fandango.html> e em agradecimento ao aprendizado e exemplo que nos deixaram, prestamos nossa singela homenagem aos velhos mestres do Fandango Caiçara.
“Vocês podem dançar”. Foi o derradeiro
conselho de Dona Dina, lá pelos idos de 1999, quando com um velho gravador,
dávamos os primeiros passos no que se transformaria numa constante – registrar a
cultura em Guaraqueçaba, ou melhor, fazer Fandango Caiçara ca nossa gente...
Havia
alguns poucos jovens, que mais apareciam pra fazer teatro e viajar do que
qualquer outra coisa, mas sempre tavam lá, aprenderam. Havia também um velho
mestre na viola – que tinha um guizo de cascavel e com seu camarada, pouco se importavam
com a hora em que o espetáculo ia terminar. Ué, o Fandango tem despedida, mas num
acaba... e continuavam tocando e cantavam que nem que tivessem esfregado
cigarra no peito. e n c a n t a v a m.
Neste
dia em que celebramos o Fandango Caiçara em Guaraqueçaba, com muito orgulho
agradecemos àqueles que nos ensinaram a amar, respeitar, enfim, viver nossa
tradição.
Toda
tardinha Guaraqueçaba ouvia o bufo da viola de Seu Janguinho, enquanto nós, então
jovens fandangueiros, tentava dançar... “pare, pare”: Dizia quando dava balaio. Também pudera, sempre tava por
lá a Família Pereira, nós não podia fazer besteira e com Chiquinho Inácio
repicando seu tamanco de canela, então, pulando por cima dos bancos, nós ficava
tudo sem jeito, pois não conseguia acompanhar mesmo, ficava só olhando... Seu
fiel camarada Nhô Júlio ponteava o cavaquinho e, juntos – Nhô Júlio e Janguinho,
eram um espetáculo só – Fandango Caiçara no então “Grupo Teatral Pirão do
Mesmo”.
Veio
o “Fâmulos de Bonifrates” e o fogo da cultura caiçara reascendeu em
Guaraqueçaba e como tavevê pra tudo lado
iniciaram pesquisas e visitas à fandangueiros, soprando a luzerna em entrevistas,
reascendendo os fandangos em comunidades, enfim, um brazido de informação, redescoberta,
um mergulho em nossa tradições e isso cresceu e deu fruto, igual os brotos de
um Caxetal, nasceram novos fandangueiros - Fandanguará, hoje também Canutilho
Temperado.
Não
foram poucas as vezes em que entre um
gorpinho de café e outro, nos cantavam modas, contavam histórias,
eternizavam suas memórias.
Há,
Dona Durçulina, quanta sabedoria. Salve o Divino Espírito Santo, sempre dizia Seu
Faustino, Dona Cida e Dona Dina. Quanto gosto Seu Júlio Pereira, Andrino,
Randorfo... nós quase se rachava sirrindo cas piadas e fique esperto - “Compadre,
paga nada”, sempre dizia Zé Norberto.
Seu
Hugo Amorim e esposa Dorçolina, Arminda, Osminda Silva, Maneco “Onça”, Conceição
Constantino e Dona Pedrina França - transcendiam, voltavam ao tempo de
criança. Antônio “Peva” dedilhando o
intivado de novo, então, estava ali o amor ao Fandango, quietinho, guardado em
seu coração.
Meu
Bum Jisus, quanto intruido em Superagui; Pedro Miranda, Alcides Rodrigues, Zé
Esquenine, Antônio Leotério – era só chegar, certeza, todos estavam ali, entre
uma Chimarrita e um Dondon, impossível não tomar uma Cataia, pois então, também
bebi.
O
toque Pelas Três, difícil de se encontrar, Fausto Pires faziam com tanta
naturalidade, era impossível não admirar; Antônio dos Santos temperava sua
viola e num ficava sem tocar, pois a “viola
é uma gente, que come comigo na mesa e a alegria dela é que espanta minha
tristeza”.
Ei Seu
Eugênio, ôh fandango bom nos tempo de
dantes no Cerco Grande hein; Gabriel Martins em Ararapira e quase sempre em
Romaria; João “Buso” na Ilha Rasa destemperava a afinação quando cantava o
Terço, silêncio (chiiiiii), ele era o Capelão.
É
uma grande gentarada só que MeuSenhorBumJisuisdeládeIguape, alguns batelão
carregado de fandangueiro. Fiquei pensando num mutirão com uma gente dessa; que
lemarde festa não. Heiheiiii BumJisuis... Mandipuva na mesa, Mãe c’a Filha na
caneca, arroz com café na esteira, Recortado, Sapo, Faxineira, Querumana a
noite intera... Toque o Anú - sai azar - que seja boa a brincadeira e quando o
sol começar a raiar, não precisa parar, pois vai ter a domingueira e pra morena
mais charmosa, tem pé-de-moda da Graciosa.
Sai
pra lá Pé-Redondo, não quero nada com tú... Nós é assim... Inverga, mais num
quebra... se nosso tempo na terra acabar, por mim, lá no céu também tem tablado
e esse povo tudo já tá lá com São Gonçalo, temperando sua viola com toeira de
metal e canutilho dourado.
Quanto a nós, cabe
ainda esperar, pois “não há machado que corte a raiz do meu catar”... Ainda por
aqui precisamos cumprir nossa missão... bater o tamanco pela cultura caiçara...
respeitar aqueles sempre mestres – Obrigado - os mestres de hoje – Respeito - e
os mestres que virão – é assim que vive nossa tradição. Viva Guaraqueçaba – Viva
o Fandango Caiçara que Deus deixou pro regalo da pobreza... Amanheceeeeeee...
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PROGRAMAÇÃO
Otimo. Não podemos perder os valores culturais.
ResponderExcluirValeu Zé Muniz. Temos que segurar essa "onde" que vem dos tempos coloniais. A Tradição é a identidade de um povo"! . . . . "Povo sem identidade vive debaixo da bota".
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